Ressignificando o sentimento “verde”- a Nova Ideologia
Por Marcio Bontempo
O Partido Verde brasileiro, em seu manifesto, mostra claramente que sua ideologia e princípios apresentam um conteúdo muito além de uma simples visão ambientalista. Seguindo a tendência mundial dos chamados greens, mas ampliando o seu sentido, o Partido Verde do Brasil entende e ensina que ser “verde” é muito mais do que somente atuar em defesa da natureza pelo modo trivial. Ser “verde” significa não só entender, mas redimensionar o fato de que os seres vivos são elementos interdependentes e partes da complexa trama que forma a Unidade da Vida. Significa uma percepção que tem como base a consciência e a cidadania planetárias, a busca de um sentido existencial objetivo, o cultivo de valores humanistas, o crescimento espiritual e a maturidade cívica planetária. Ser “verde” significa trabalhar para a construção de uma nova sociedade através do cultivo do senso de solidariedade, com atitudes concretas de fraternidade, ética, sensibilidade, simpatia e gentileza. O sentimento “verde” nos mostra que essas atitudes dependem da transformação de cada um e da expressão de nossas potencialidades internas. Somente com a o cultivo da solidariedade, da fraternidade, da amorosidade, é possível criar um novo mundo, livre do sentimento fraticida, belicista e de domínio que vigora, por enquanto, na Terra.
O novo significado do sentimento “verde” aponta que é essencial uma nova ótica, uma nova visão filosófica que começa com o respeito e a valorização da diversidade, amplia-se na percepção da unidade da vida e contempla uma nova atitude, que tem como fulcro a redução do egocentrismo, substituído pelo altruismo, como resultado de uma profunda revisão de nossos valores. Com isso, as nossas diferenças – que geralmente nos afastam uns dos outros -, devem ser respeitadas e redirecionadas com o objetivo de nos unir, em puro espírito solidário e pacífico. Não adianta falarmos de paz se não a cultivarmos em nossos corações e atitudes; fora disso, falar em paz é hipocrisia.
A nova ideologia “verde” está repensando a Economia, colocando-a a serviço da sustentabilidade e da justiça social, convocando todas as instituições a repensar também seus papéis na formação de uma civilização solidária que expresse suas inspirações maiores: paz, respeito mútuo, felicidade, coerência, harmonia e cooperação. O sentimento “verde” mostra que para garantirmos um futuro alvissareiro, precisamos desenvolver a genuína sabedoria espiritual, pela integração das diferentes visões, sejam religiosas, científicas, filosóficas, ideológicas, etc.
Aplicado aos vários setores da atividade humana, o sentimento verde mostra que na Educação deve-se privilegiar os valores éticos; a Economia e a tecnologia devem estar dirigidas prioritariamente para o bem-estar e as necessidades humanas; a política e o serviço público devem ter como base primordial a ética, o servir e não o “se servir”; as religiões devem estar direcionadas para a espiritualidade, a religiosidade, a tolerância, o respeito mútuo e essencialmente para a irmandade universal.
O sentimento verde é fruto do surgimento no planeta de um novo paradigma existencial, lastreado na fraternidade e na ampla proteção da vida, a partir de uma mudança individual de comportamento, com base no novo senso de coletividade e participação.
O sentimento verde é aquele que cria a consciência coletiva da responsabilidade individual e a consciência cívica planetária, capaz de eliminar todas as fronteiras, quando preponderará o sentimento libertário e se implantará a verdadeira fraternidade entre os homens, escudada no amor universal. O sentimento “verde” é nova ideologia humana. O sentimento verde não é um conceito, é um estado de espírito.
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