Médicos pressionam contra proibição de medicamentos, mas Anvisa não cede
Publicação: 18/02/2011 07:05 Atualização:
Diante da possibilidade de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) retirar do mercado brasileiro a sibutramina, um dos inibidores de apetites mais usados no país, além de outros três remédios para emagrecimento chamados anorexígenos anfetamínicos (anfepramona, femproporex e mazindol), médicos se veem sem alternativas para o tratamento da obesidade com uso de medicamentos. “Não existe nenhum outro com essas propriedades”, afirma Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
Estudo da Anvisa concluiu que os medicamentos têm eficácia desproporcional em relação aos problemas que podem causar, como dependência, arritmias cardíacas e aumento da pressão arterial e pulmonar. Uma audiência pública do órgão vai propor, na próxima quarta-feira, o cancelamento do registro desses inibidores. O único remédio que fica à disposição dos pacientes é, segundo os especialistas, o orlistate, que dificulta a absorção de gordura pelo organismo, reduzindo o valor calórico do que é ingerido. O uso dele, no entanto, pode causar problemas aos pacientes se não for usado em conjunto com os inibidores. “Se a pessoa comer mais do que o normal, o intestino passa a funcionar de maneira excessiva e provoca uma diarreia intensa. O inibidor ajuda a educar o paciente para que ele não coma muito”, explica Ricardo Meirelles.
ControleO médico Márcio Bontempo, da Associação Brasileira de Nutrologia (Aban), costuma receitar a seus pacientes remédios fitoterápicos — produzidos com produtos naturais —, mas também acredita que a proibição dos inibidores convencionais pode ser um prejuízo. Segundo o nutrólogo, a suspensão tende a criar aumento de doenças relacionadas à obesidade, como a diabetes tipo 2 e problemas de coluna, além de aumentar a procura pela cirurgia bariátrica — de redução de estômago —, “que tem mortalidade de 2%”, diz. Para ele, o ideal seria tornar ainda mais rigososa a fiscalização da venda. “Se conseguíssemos ter um controle médico maior, seria interessante manter pelo menos a anfepramona”, acredita. O Brasil não tem remédios com o mesmo princípio ativo dos que serão questionados na audiência da próxima semana, segundo Maria Eugênia Cury, chefe do Núcleo de Investigação em Vigilância Sanitária da Anvisa. No entanto, o estudo do órgão descarta a possibilidade de se abrir exceções: “Em nenhum deles se encontrou mais benefícios do que o outro, a ponto de poder ser liberado”, diz.
Estudo da Anvisa concluiu que os medicamentos têm eficácia desproporcional em relação aos problemas que podem causar, como dependência, arritmias cardíacas e aumento da pressão arterial e pulmonar. Uma audiência pública do órgão vai propor, na próxima quarta-feira, o cancelamento do registro desses inibidores. O único remédio que fica à disposição dos pacientes é, segundo os especialistas, o orlistate, que dificulta a absorção de gordura pelo organismo, reduzindo o valor calórico do que é ingerido. O uso dele, no entanto, pode causar problemas aos pacientes se não for usado em conjunto com os inibidores. “Se a pessoa comer mais do que o normal, o intestino passa a funcionar de maneira excessiva e provoca uma diarreia intensa. O inibidor ajuda a educar o paciente para que ele não coma muito”, explica Ricardo Meirelles.
ControleO médico Márcio Bontempo, da Associação Brasileira de Nutrologia (Aban), costuma receitar a seus pacientes remédios fitoterápicos — produzidos com produtos naturais —, mas também acredita que a proibição dos inibidores convencionais pode ser um prejuízo. Segundo o nutrólogo, a suspensão tende a criar aumento de doenças relacionadas à obesidade, como a diabetes tipo 2 e problemas de coluna, além de aumentar a procura pela cirurgia bariátrica — de redução de estômago —, “que tem mortalidade de 2%”, diz. Para ele, o ideal seria tornar ainda mais rigososa a fiscalização da venda. “Se conseguíssemos ter um controle médico maior, seria interessante manter pelo menos a anfepramona”, acredita. O Brasil não tem remédios com o mesmo princípio ativo dos que serão questionados na audiência da próxima semana, segundo Maria Eugênia Cury, chefe do Núcleo de Investigação em Vigilância Sanitária da Anvisa. No entanto, o estudo do órgão descarta a possibilidade de se abrir exceções: “Em nenhum deles se encontrou mais benefícios do que o outro, a ponto de poder ser liberado”, diz.
Os fitoterápicos até são uma opção para o tratamento da obesidade, como defende o nutrólogo Márcio Bontempo. No entanto, ele mesmo ressalta, será preciso ter mais paciência para perder peso, já que os efeitos não são imediatos como os dos anorexígenos anfetamínicos. Mas os resultados tendem a ser mais duradouros depois que a medicação é suspensa. “O processo é feito em um prazo maior. Eles não são excitantes do nervoso central e não criam dependência. Anfetamínicos podem criar”, explica.
O consenso entre os profissionais de saúde está no uso associado desses inibidores de apetite com a reeducação alimentar e a prática de atividades físicas. “A gente usa como auxiliar para modificar os hábitos, e não como uma solução em si”, defende Ricardo Meirelles. Ele afirma que o problema está no desejo de soluções urgentes, que provocam o uso de maneira inadequada.
O consenso entre os profissionais de saúde está no uso associado desses inibidores de apetite com a reeducação alimentar e a prática de atividades físicas. “A gente usa como auxiliar para modificar os hábitos, e não como uma solução em si”, defende Ricardo Meirelles. Ele afirma que o problema está no desejo de soluções urgentes, que provocam o uso de maneira inadequada.
A falta da combinação recomendada pelos médicos faz com que a empresária Camila dos Santos Quilici tenha de conviver com o temido efeito sanfona. Aos 22 anos, ela já recorreu à sibutramina pelo menos três vezes para emagrecer, sempre com o acompanhamento de endocrinologista. “Cheguei a perder entre 6kg e 7kg em um mês, mas engordei tudo de novo”, lamenta. Hoje, além de ter recuperado o peso, aumentou mais 5kg, e deseja recorrer a métodos ainda mais agressivos. “Queria fazer redução de estômago, mas os exames não apontam a taxa de IMC (índice de massa corpórea) necessária.”
[Fonte: Correio Braziliense - 18/02/11]
Observações: 1ª - Dr. Marcio Bontempo é pós-graduado em nutrologia, o termo correto seria nutrologista.
2ª - A sigla da Associação Brasileira de Nutrologia é ABRAN.
[Equipe Dr. Marcio Bontempo - www.drmarciobontempo.com.br]
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